Vagueios indiscretos não guardados em mim

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

há dias sim, e há dias não. e hoje foi definitivamente um dia NÃO! um não bem gordo, a letras grandes, bruto, frio, e mal humorado.

contrariar o psicológico, não deixar passar para o físico. tornar-me positiva de uma vez por todas e não me sentir uma nódoa.

é de certo modo tudo impossível quando a dor psíquica passa a dor física e se torna num impasse para lutar contra tudo e contra a má vontade que não me larga.

foi um não anormalmente estúpido, antipático, triste, mal disposto e infeliz.

talvez como todos o são.

promessas falsas, segredos mal escondidos, insultos, histórias mal contadas, momentos perdidos. nada. nada disto foi a causa deste fraco dia em que nada me agradava. a única razão encontrada para tudo isto, sou eu.

e sou eu também que posso mudar isto. sou eu também que posso transformar um "não" num "sim", e fui eu que acabei de mudar o meu NÃO feio, gordo e triste, para um SIM feliz e perfeito. TUDO ISTO, APENAS PORQUE SIM.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

sei que cresci. as minhas pernas estão mais compridas. o meu cabelo também cresceu. muito. e ganhou madeixas claras por causa do sol. gosto de usá-lo apanhado nos dias de maior calor. os meus olhos estão mais claros, também. a minha imaginação está menor. talvez não tenha um raciocínio tão rápido. e talvez queira deixar que as coisas aconteçam à minha frente sem querer reparar nelas.
mas acho que foi a forma que encontrei para crescer. e sinceramente, no meu interior algo me diz que foi a forma certa.
aprendi imenso. logo, cresci imenso. aprendi a ignorar certas partes estúpidas da minha (estúpida) vida. há coisas que não são suficientemente estúpidas para se manterem em mim. muito provavelmente, é na estupidez que encontro a minha felicidade.
felicidade essa que está também na paz que encontro ao não mostrar tudo. o ter cartas na manga. ou talvez o simples facto de ter aprendido a ser discreta. porque cartas na manga não as tenho.
é outra das coisas que esqueci. o «conto agora ou depois.», o «sorrio porque parece bem e porque é o mais correcto», tornou-se num «conto se na altura me apetecer. falo se me lembrar.» e num simples «sorrio se me der pra sorrir».
acho que passei uma grande parte do tempo a achar que a vida era isso. guardar coisas que me podem dar jeito mais tarde. e afinal não é assim. não, nem nunca foi. mas acho que todos pensam assim. todos, ou quase todos.
foi aqui que me apercebi da grandiosidade dela. sorria pra mim, sorriu comigo. conseguia abstrair-se das coisas fúteis e viver a vida naquela sua simplicidade. também se passava, também chorava. mas no fim sorria. via sempre algo de novo. como se uma nova página branca se abrisse todas as manhãs. ou como se uma hora mal passada fosse apenas um rascunho que rasgava... que no fundo, também ficava guardado.
talvez tenha falado naquela estupidez, na tal inocência e na filosofia do «não é nada comigo» como uma forma de ser, de certo modo, ignorante. não foi de todo o que quis dizer. é nos rascunhos que se começa algo novo. e esse projecto é sempre uma fusão de um rascunho com algo que faria parte de outro. a cada página virada, a cada rascunho rasgado, fica sempre algo marcado na vida de quem os desenhou.
a filipa sempre transmitiu paz. sempre disse o que sempre me pareceu certo.
podia mostrar que havia quem lhe passasse por cima, que não estava com a realidade. mas era apenas isso. o que ela mostrava.
comportando-nos assim, se soubermos quem somos, nunca vamos ser o que mostramos aos outros. e isso é o mais importante.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

a tempestade pode não ter acalmado, mas eu já.
a confusão da minha cabeça, simplificou-se. dum momento para o outro, pensei na confusão das minhas linhas, na revolta das minhas palavras, na agonia da garganta, nas maldosas letras que escreviam e descreviam todos os dias da minha miserável e exagerada vida. pensei na falta dos tais pilares, no objectivo da palavra ajudar quando nos dão um oco obrigado, na partilha de falsos sorrisos. pensei, simultâneamente nos verdadeiros apoios, nos choros de riso, na dor de barriga após a diversão, no orgulho sentido após um bom abraço.
o ícone de confusão, o que me fazia tropeçar nas palavras, o que me fazia causar repetições, o causador da tal agonia. o simples vulto que passava a mostrar-se, sorrindo, desapareceu.
quando estava vazia de pensamentos, a imagem da minha cabeça era abstracta, indefinida, não era concreta, era escura. e resultava duma escrita obscura, que revoltava quem a lia.
lembro-me dos outros pedaços de texto, bons pedaços dum longo período de vida, em que as imagens são meio apagadas, mas a dor é sentida.
após alguns pensamentos, após alguns comentários, após o tal choro, apercebi-me de que na verdade, para viver, apenas preciso de estar viva. pois. a definição de «estar viva», neste momento é a maneira de me encontrar a mim mesma, na companhia de outros. estando ou não feliz, mas sabendo que a minha cabeça está ciente do que se passa à minha volta. permanecendo sã, ocultando toda a loucura que em tempos já passados, vivi. ocultando, nunca esquecendo. é a tal loucura que me serve de comparação e que agora me garante que eu estou bem.
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as linhas da minha cabeça desembaraçaram-se, deixando apenas uma, em tons claros, sobre um fundo branco e calmante. sobre um fundo branco que descreve com fiel perfeição o que quero da vida neste momento. que descreve o que quero realmente ser e parecer. que transmite a paz com que quero viver.
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o tempo só pra mim já está tirado. vai ser apenas um tempo para mim, e já não para uma grande reflexão do que se passou e passa à minha volta. são umas férias de mim para mim. é o tempo em que saio do meu corpo em cada acção e avalio cada atitude. esse tempo é meu e da minha paz interior, finalmente atingida.

terça-feira, 22 de junho de 2010

erica

aqui , perdida do mundo. escrevendo com a alma, e sem sentimentos.
sim, porque neste momento não sinto nada (...)
tal momento, tal intensidade, tal força, fiquei sem palavras, sem reacção, sem reflexos, sem o sentimentalismo. fiquei fria, e sem resposta. e é isso que me deixa perto da morte.
as minhas reacções são o que me mantêm viva. a minha resposta é o que faz o sangue correr dentro de mim. a minha liberdade é o meu respirar.
liberdade essa, que é a chave de tudo. é o que faz o oxigénio entrar no meu corpo e o dióxido de carbono libertar-se. é também o que torna o excesso em boa quantidade. é o meu viver.
tal acto, tal brutalidade. fechada sinto-me só, mas não é por isso que me calo. não me calo e continuo a dizer o que penso, em voz bem alta, e sei que eles me ouvem. e isso dá-me forças, faz com que a voz não me falhe. porque psicologicamente sinto-me capaz de tudo e isso dá-me força suficiente para que não me falte nada a nível físico. estar aqui sozinha, não é tirarem-me a liberdade. logo, se me queriam tirar a vida, tiravam-me a voz, tiravam-me a força de acreditar em mim, atavam-me as mão e impossibilitavam-me de escrever.
enquanto eu estiver viva, liberdade é o meu ar. enquanto respirar, liberdade é o meu sangue. e enquanto me questionar enquanto criação de alguma força maior, liberdade é o meu ser.
nada me vai calar, até porque neste momento sei que tenho mais razão do que qualquer outra pessoa que já tenha vivido neste mundo. e sei também que vou ser mais forte. vou defender o que tenho a defender, e nem mesmo eles me vão calar.
liberdade é sim, uma batida, uma expressão. é um viver. e quem me tira a liberdade, tira-me tudo e mais me vale morrer.

« Erica, diário do desvairo, I. »

terça-feira, 25 de maio de 2010

subo o bloco. 'aos seus lugares' e soa o apito.
entro na água , ainda sem saber bem o que está a acontecer. são cem metros, quatro piscinas. há que me poupar. mas o nervosismo toma conta de mim, os meus movimentos densos são a razão para o meu cansaço. não penso em nada, mas penso em tudo. a vontade de desligar revolta-se e mostra-me imagens de tudo o que já vi, e já vivi, de tudo o que está para acontecer, de tudo o que poderia ter acontecido. um assunto leva a outro. uma imagem traz outra consigo. pensamentos rápidos, e organizados. nomes. levam a nomes. e consigo trazem muitas memórias. é rápido, mas cansa.
o meu cérebro pede oxigénio e eu vou obtendo o mais que posso a cada braçada. apesar de tudo, não sinto o corpo a falhar.
dirijo-me para a parede, a fraquejar. não me sinto cansada. não me doem as pernas, ou os braços. estou apenas sem forças para me mover na piscina, mais funda do que o habitual.
olho para cima, bem antes de fazer a última viragem. vejo uma mancha verde. toda a chamar por mim. todos aos berros. todos a acreditar. mas falho, e a última transição de direcção é fraca e demonstra cansaço.
é a última piscina, e na altura não aguentava muito, mas agora sinto que podia ter feito melhor.
quando olho, já vejo a minha adversária na parede. mas observo as bandeiras acima de mim. sei que falta pouco, muito pouco. não vejo ninguém depois da rapariga da touca preta, que já descansa junto à parede. isto dá-me pouca vontade de continuar. não há ninguém que dispute comigo o segundo ou o terceiro lugar.
rebento a parede, bem forte, com as duas mãos abertas. volto a tocar nela, mais uma vez, com medo de que a minha chegada não tenha sido contabilizada pelas placas colocadas de propósito na parede.
estou cansada, e olho à minha volta, consegui uma grande vantagem das restantes. mas não chegou para estar em primeiro. estou tonta e com necessidade de comer.
há mais uma prova, em equipa, e sei que na próxima vai ser a valer.

(...) e foi (...)

domingo, 9 de maio de 2010

revolta.

venho. sinto a minha expressão pesada. entro no carro, e nem uma palavra. ele apercebe-se, e rapidamente, leva-me à praia.
fico sozinha. tenho a música nas alturas, os fones o mais chegado a mim possível. saio do carro. tiro a vibração ao telemóvel, e começo a andar.
as nuvens cobriam tudo o que podia existir no céu, naquele fim de tarde, e ao longe, vê-se o sol passar por entre elas. o rebentar das ondas acalmava o meu espírito, os leves chuviscos molhavam-me a cara, e levavam alguma da tristeza que por mim passava.
sentei-me. encostei-me. a música continuava, e aliviava certa dor, de origem desconhecida.
não pensava em nada. subitamente, levantei-me. desci do passadiço, e fui procurar um lugar seco, no meio da areia molhada pela chuva. sentei-me em cima de uma rocha, enconstada a outra. puxei as pernas para mim. as calças dificultavam esta tarefa, mas isso não me impediu de o fazer. queria abraçar alguma coisa. alguma coisa que não falasse, que não apertasse, que não perguntasse porquê. queria estar sozinha e sem mais ninguém. só eu, e eu.
fechei os olhos, inspirei lentamente, expirei ainda mais lentamente. a música dá um forte som, e eu solto um pequeno gemido. não foi um grito, não foi um riso. parecia o início de um choro. mas não o foi. a vontade que tinha de chorar, parecia-me infinita. mas no entanto, não foi pela vontade que chorei. na verdade, não o fiz.
saí da praia. sentei-me no caminho que me levava lá. encostei-me a um banco. aí fiquei. só tinha o mar à minha frente. em cima , apenas se via as nuvens a ficarem cada vez mais escuras. dentro de mim, havia um conjunto infinito de sensações e sentimentos que me são impossíveis descrever. sei que estava bem sozinha. sentia-me revoltada com tudo e com todos. parecia que, de cada vez que me lembrava de todas as frases que alguma vez me disseram, eu encontrava algo com que contestar. apetecia-me chorar , e essa vontade ficava cada vez mais forte ao longo de todo o tempo em que ali estava. pensava em voltar para casa, ficar no meu quarto. mas aí, parecia-me ficar demasiado só. embora não estivesse ninguém à minha volta, sentia-me acompanhada. eu estava ali só, mas não me parecia. sempre que pensava na presença de alguém, pensava talvez numa invasão ao meu espaço. uma quebra de barreiras, e aí, aquele sentimento passava de pessoa em pessoa. e não o queria. por muito mau que fosse, queria guardá-lo comigo.
uma empatia com o clima foi óbvia. estava confusa, de vez em quando, sentia-me emanar um breve sorriso sem razão alguma. e foi depois de perceber isto, que o sol apareceu. mostrou-se sem vergonha e ficou ali durante breves momentos. sentia a expressão do meu rosto bem menos agressiva. sentia-me melhor. estava na altura de as nuvens voltarem a cobrir a fonte radiante que iluminava o meu pensamento.
levantei-me e fui caminhar ao longo do estrado que atravessava a praia toda. cheguei ao fim, e voltei para trás. já não estava sozinha. abrandei bastante o meu ritmo. observei com cuidado. era um homem, já de avançada idade. caminhava paralelamente a mim, mas pela areia. avançava sem cuidado nenhum. a água que caía agora do céu , afastou-o. pensei no que o levara ali, não me parecia pescador. a chuva que caía, não me levou a casa, mas sim a mais vontade de ficar ali. levemente, pus o carapuço da minha camisola, o do casaco, e continuei. como se nada fosse. quando a intensidade aumentou, não me deu vontade de correr, deu-me vontade de esperar , no sítio onde estava, até que parasse. e foi assim que fiz. nada me acelarava o passo. nem a chuva, nem o frio que sentia nas mãos. nem os cordões desapertados, nem os fones que me tinham caído dos ouvidos. simplesmente, continuava. lentamente, decidi sair dali, já nada fazia, já nada resolvia. aos poucos, aproximei-me da rua. caminhei até casa, e voltei para trás, por outro caminho. já estava sem a música ligada há algum tempo. afinal, era o que me fazia companhia. e o desejo de estar sozinha, e ouvir o ruído dos outros pequenos seres à minha volta, era importante. havia mais gente , mais vida, mais problemas, mais revolta. desconhecia outros casos, mas sinceramente, não estava com paciência para conhecer. dei voltas e mais voltas. encontrando-me sempre fora do perímetro que me permitia observar o meu prédio. encontrando-me sempre fora do perímetro que me permitia observar um local demasiado familiar.
numa rua, bastante movimentada, encontrei o silêncio e a obscuridade que tinha medo de encontrar. uma casa abandonada, velha, que apesar do tempo, mantinha as cortinas presas nas janelas já gastas. uma vida deixada para trás. em tempos viveram ali pessoas, que abandonaram tudo. podem ter simplesmente mudado de casa, ou de mundo. o sentimento de medo cresceu. ligaram-me. tinha de voltar atrás e ir buscar a minha irmã mais nova. já com ela, passei pela tal casa que me criou tanta confusão. ao pensar no que tinha sido ali deixado, agarrei-me a ela, dei-lhe a mão, e não a larguei. a sua fala rápida, e a sua excentricidade, encheram-me o coração. como nunca, até ali, tinham enchido. talvez noutro dia. num dia de alegria, ela teria percebido que me estava a irritar. olhou-me nos olhos, sorriu. e continuou a contar coisas que não me diziam minimamente nada. ao chegar a casa, largou-me. e correu para o muro. subiu-o com cuidado. ria e sorria. eu sorria também. era agora um sorriso que ambas partilhávamos. o dela, era o sorriso de uma criança, e o meu, o meu era o sorriso simples, esboçado por quem vê uma criança a sorrir.
(...)sim, porque a parte do sentimento que faltava desaparecer, apenas se foi, após uma longa noite de sonhos.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

felicidade.

acordo com o toque da minha mãe. ela coloca levemente as mãos no meu corpo, ainda quente pelo cobertor. sinto a sua pele. o cheiro do seu perfume. a sua doce voz. pergunta como dormi. diz que vai sair de casa. dá-me um beijo, faz-me uma festa. e sai do quarto. nos instantes seguintes, volta , e deseja boa sorte para o tão esperado teste de história que ia ter. estava insegura, mas só o saber que tinha agora toda a confiança da minha mãe em mim, e a sorte dela, descansou-me... agradeci, e deixei-me dormir. mais tarde, acordei com o telemóvel. tinha passado tão pouco, mas parecera-me uma eternidade. lembrei-me mais uma vez das palavras da minha mãe, tentei lembrar-me da sua imagem naquela manhã, mas apenas uma figura desfocada me veio à cabeça. o sono não me deixara abrir os olhos. deixei-me ficar deitada até conseguir ganhar forças para me levantar. já pronta para o dia que também já estava meio perdido, peguei nos livros, depois de andar às voltas em casa. estava bastante tranquila. não tanto insegura.
passou-se bem o dia, no teste, por percaução, dobrei os objectivos e coloquei-os dentro da folha de teste. não os usei. tocou, e sentia-me maravilhada por uma vez na vida, sentir-me feliz, sem que nenhum imprevisto me tenha acontecido. saí da escola, e vivi um dos momentos melhores da minha vida. jantei tranquilamente. e mal me sentei aqui, a transmitir a minha felicidade, chovem mensagens. mensagens tristes. de desespero. contando contra-tempos. contando fins de grandes histórias. contando como se sentiam.
uma das perguntas que me vai na cabeça, é se, eu neste momento, depois de saber tudo o que sei, depois de querer ajudar perdidamente tantas pessoas que me dizem muito ou pouco, sou feliz? não tanto como antes, verdade. sei que há quem esteja a sofrer impacientemente. sei que há alguém que conta comigo. alguém que se calhar até já foi rejeitado por outros 'amigos' que tiveram o célebre pensamento do 'ainda bem que não é comigo'. hoje, sei que sou feliz, e que vou transmitir isso. porque com a minha felicidade, com o valor e confiança que depositaram em mim, ao contarem tanto, eu sou capaz de os ajudar, e aliviar de tanta dor quanto me for permitido.

sinto-me feliz , porque tenho amigos. e não porque o dia me correu melhor ou pior.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

eu olho, e ela sorri. olhamos em volta, a nossa amizade pode vir a estragar muita coisa. somos cuidadosas. esta espécie de código diverte-nos, mas preocupa.
ela avança para mim no seu andar perfeito e tão típico de tão adorável rapariga.
dou um ou dois passos. e de repente, desliguei.
em tão pouco tempo, o mundo pára e sou só eu e ela. o encontro , o abraço, o nosso olhar, cada palavra, cada gesto, cada sorriso. cada jeito. é extraordinário. tudo é tão simples, mas tudo é tão complexo. como se não nos víssemos há milhões de anos, mas também , como se tivessemos acabado de nos encontrar, depois de uns breves minutos.
há tanto e tão pouco a dizer.
naquele curto espaço de tempo, onde o relógio pára de contar, e o mundo paralisa completamente. naquele tempo em que nada do que possa acontecer nos poderá algum dia separar, eu sou feliz. onde todas as divergências, todos os problemas, toda a doença, todo o mal, e até todo o bem, não fazem qualquer sentido. porque no fundo, só nós sabemos o que é aquilo.
um abraço mesmo à nossa maneira. até pode ser o mais desajeitado, o mais curto, ou o mais longo possível. o mais bonito, ou o menos perfeito. mas só nós sabemos o que sentimos. só eu sei que dentro de mim , se forma todo um novo mundo, onde, apesar de na minha consciência estar presente tudo o que nos uniu e separou, e tudo o que chateou ou divertiu, eu vou sempre gostar de ti. na saúde, na doença, ou no que todos os outros quiserem.
porque nada nos vai separar mais do que nós quisermos. ou unir mais do que nós precisarmos.

sábado, 1 de maio de 2010

a minha infância foi rodeada por gente feliz. éramos crianças felizes, e não sabíamos o que nos esperava. agora todos temos a certeza do que tal mistério seria: vivermos todos juntos, diáriamente. desde cedo que me senti bem à vossa beira. sempre me senti confortável ao ver sempre as mesmas caras, ao sentir sempre o mesmo ritmo, sempre as mesmas vozes, sempre as mesmas reacções. era sempre o mesmo. tornou-se uma rotina. tornou-se a minha vida.
a minha noção de amigo, ficou, de certa forma, ligeiramente afectada. para mim, a verdadeira essência de amigo, era o estar sempre com ele. amigo, era aquele que passou a maior parte da vida connosco. que esteve connosco todos os dias. mesmo que passasse por nós, completamente indiferente. eu estava ali. ele também. era meu amigo. nem que não lhe falasse das coisas que me incomodavam. nem que não lhe falasse do que me agradava. era amigo, e acabou.

era ainda criança, e era assim que via as coisas.

nova etapa da minha vida. para além dos já habituais "amigos" apareceram outros. ficámos sempre todos juntos. fisicamente. mentalmente começávamos a dispersar. nessa altura nem tínhamos a noção de nada. apareceram novas pessoas, e a nossa cumplicidade afastou-as de início. não nos parecia bem. gente desconhecida. mas foi essa mesma cumplicidade que nos fez abrir caminho para os novos "amigos". criámos uma nova teia. capaz de expulsar todos os que nos enfrentavam. o pior, é que afastávamos também quem tinha boas intenções.
mais tarde, cada um começou a pensar pela sua cabeça. cada um tinha a sua opinião. apesar de todos juntos, criámos caminhos em diferentes direcções. foi assim que admitimos pessoas novas nas nossas vidas. foi assim que percebmos quem realmente éramos. e foi assim que percebemos quem , do nosso meio, era verdadeiramente amigo.
eu nao esqueci de onde vim, com quem estive, e com quem estou, de quem fui, ou de quem sou, mas muito mudou, desde o dia em que tudo começou.
basicamente, amigos mesmo eram aqueles que estavam ali desde sempre. e isso estava errado.
completamente errado.
com o tempo, abri os olhos, e com o tempo fiquei cada vez mais orgulhosa por poder dizer que reconheci verdadeiramente os meus AMIGOS!
uns mais, outros menos, mas todos sabemos, que, a qualquer dia, em qualquer hora, poderemos formar mais uma vez uma barreira, protegermo-nos uns aos outros, se caso for preciso.
apesar de todas as discussões alguma vez feitas. apesar de tudo o que sabemos. de todos os defeitos que conhecemos uns nos outros, nunca nos vamos esquecer de tudo o que já nos uniu. e que , felizmente, continua a unir!

eu não me arrependo dos doze, dos dez, oito ou dois anos que passei convosco!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

eu.

primeira pessoa , singular. palavra relativa. coisa complexa.
hoje sou desportiva,e amanhã passo a menina com o casaquinho de malha. talvez depois calce as botas e vista um lindo vestido. no dia seguinte visto-me bem demais e ponho a mala ao ombro. ou então calço as velhas all star, visto as calças gastas com a clássica mochila às costas. não sei!
eu sou eu.
sem algo definido, nem um plano traçado para todos os dias. improvisa. porque eu não digo que hoje sorria e amanhã chore, que hoje esteja calada e amanhã expluda com tantas palavras a quererem sair-me da boca. a única coisa que sei, é que vou ser sempre eu. com altos e baixo, sempre. inevitáveis perdas de energia, e momentos de menor alegria. mas e então? com a vida facilitada isto tinha graça? apesar dos prós e dos contras, a verdade é que a resposta é NÃO!
vive o que há para viver, agora! não queiras planear tudo. deixa ir. deixa acontecer. porque quanto mais definires ao milímetro o que há a fazer e a dizer, menos te divertes. tornas tudo uma obrigação a seguir pelo plano, e tudo se torna aborrecido. mudei de quarto em dois dias. a decisão foi tomada num minuto e no outro estava a ser posta em prática. resultado: diversão, conforto, e felicidade. a sensação de que o que pensei foi possível e já estava executado foi linda. espontâniedade é o que descrevo nisto tudo. e se tenho andado deprimida, triste e infeliz, essa tal espontâniedade é tudo o que me tem faltado. alguns conhecem-na como a atitude de que tenho falado. a atitude que me tem faltado. e a atitude que quero ter outra vez.

domingo, 28 de março de 2010

sinceramente, quando me deram aqueles papéis todos, eu nem fiquei assim tão assustada. tinha de lê-los, em frente a um microfone, calmamente, pausadamente, sentir o rubor na cara, as luzes direccionadas a mim, respirar lentamente. na verdade, eu gosto dessa adrenalina. estar com as mãos no papel, sentir o coração a bater muito muito fortemente, pensar em tudo. sentir os olhares atentos.
durante a minha vida, sou uma pessoa discreta, pelo menos, é o que sinto. odeio que olhem para mim. mas adoro aquela sensação. mesmo que perca a força nas pernas, ou que sinta os braços muito fracos, a cara quente e as mão geladas. mesmo que sinta que posso atrapalhar-me , ou que sinta que estou a ler o papel errado. adoro o facto de estar ali, mais alta, a fazer-me ouvir, a sentir que tenho de fazer passar a mensagem. estar a ler algo que já foi lido e relido, pensado e repensado, explicado e questionado. mesmo sendo discreta, gosto. o mesmo aconece com a inês. nunca se atreveria a chamar assim a atenção, mas adora fazer-se passear perante ainda mais gente. outra pessoa discreta, por sinal. a verdade é que todos adoramos uns minutinhos de atenção. isto não é uma crítica. encaro-o apenas como uma maneira de vos transmitir o que na verdade sentem. finalmente admitirem perante vós, que até é bom chamar a atenção e se correr mal, estiveram no auge durante um tempo. é tudo acerca da diversão , adrenalina e confiança.

sexta-feira, 26 de março de 2010

é estranho quando tudo parece estar bem e de repente não está.
a distância faz-nos sofrer, mas por vezes, é bem melhor do que a proximidade. o medo de desiludir, o medo de errar, o medo de magoar, de perder, de não sentir.
outras é melhor mesmo perder. perder pra não sofrer. ou sofrer pra não perder.
são os factos estúpidos da vida. não há uma regra para tudo. não há certezas. tudo o que acontece é relativo.
não há certeza de que amanhã vá respirar, de que tenha força para me levantar, de que não me apeteça chorar. de que não vou sofrer, nem perder. apenas sei que vou ter que arriscar. arriscar, sempre. pensar rápido. observar. tomar decisões. arriscar.
é tudo sobre arriscar. nunca ter certezas. agarrar tudo o que tens agora. não esperar o futuro no presente, nem desejar o passado. é ser feliz com o que podes, tens e, acima de tudo, o que queres. é ser feliz com a tua própria felicidade.

Everything´s conditional. You just can´t always anticipate the conditions

quinta-feira, 25 de março de 2010

é só uma coisa livre. podes senti-lo ou não.
podes querer ou não. podes perceber ou não.
de tudo o que já senti, este é simplesmente o mais estúpido de todos.
sinto-me primeiro triste. sem razão. depois pouco amada. com necessidade de um abraço forte, capaz de me fechar os olhos e fazer-me soltar umas lágrimas escondidas cá dentro. capaz de fazer-me pensar em tudo. uma confusão de sentimentos, onde me sinto rebaixada, mas onde sinto que se preocupam. onde me sinto eu. onde todas as gotas de tristeza se juntam com as de alegria. e onde o sentimento passa de melancólico a alegria súbita, sem explicação alguma. é claro que o chocolate ajuda, mas não há nada como um abraço