Vagueios indiscretos não guardados em mim

terça-feira, 22 de junho de 2010

erica

aqui , perdida do mundo. escrevendo com a alma, e sem sentimentos.
sim, porque neste momento não sinto nada (...)
tal momento, tal intensidade, tal força, fiquei sem palavras, sem reacção, sem reflexos, sem o sentimentalismo. fiquei fria, e sem resposta. e é isso que me deixa perto da morte.
as minhas reacções são o que me mantêm viva. a minha resposta é o que faz o sangue correr dentro de mim. a minha liberdade é o meu respirar.
liberdade essa, que é a chave de tudo. é o que faz o oxigénio entrar no meu corpo e o dióxido de carbono libertar-se. é também o que torna o excesso em boa quantidade. é o meu viver.
tal acto, tal brutalidade. fechada sinto-me só, mas não é por isso que me calo. não me calo e continuo a dizer o que penso, em voz bem alta, e sei que eles me ouvem. e isso dá-me forças, faz com que a voz não me falhe. porque psicologicamente sinto-me capaz de tudo e isso dá-me força suficiente para que não me falte nada a nível físico. estar aqui sozinha, não é tirarem-me a liberdade. logo, se me queriam tirar a vida, tiravam-me a voz, tiravam-me a força de acreditar em mim, atavam-me as mão e impossibilitavam-me de escrever.
enquanto eu estiver viva, liberdade é o meu ar. enquanto respirar, liberdade é o meu sangue. e enquanto me questionar enquanto criação de alguma força maior, liberdade é o meu ser.
nada me vai calar, até porque neste momento sei que tenho mais razão do que qualquer outra pessoa que já tenha vivido neste mundo. e sei também que vou ser mais forte. vou defender o que tenho a defender, e nem mesmo eles me vão calar.
liberdade é sim, uma batida, uma expressão. é um viver. e quem me tira a liberdade, tira-me tudo e mais me vale morrer.

« Erica, diário do desvairo, I. »