Vagueios indiscretos não guardados em mim

quinta-feira, 28 de junho de 2012

à noite na minha cabeça

essa fantasia do mundo. a perfeição dos traços de cada um de nós. presentes nestes corpos, máquinas perfeitas, a trabalhar, com cada célula, cada organelo, cada função no seu sítio. as árvores e o seu sistemas de transporte, xilema e floema que tanto odiei enquanto os devia estudar. um recolhe da terra, o outro leva o produto à células para se dar o crescimento. este mundo, esta natureza, em que tudo está oleado ao mais ínfimo pormenor, à mais ínfima partícula que, fora do sítio, causa desacato no mundo inteiro. com menos umas partículas no céu, cá em baixo a temperatura oscila. e essa roda, esse fogo, descobertas da humanidade. humanidade que funciona apenas se tudo estiver no seu lugar, se houver a certa quantidade disto e daquilo aqui e acolá, se esta e aquela reação se der no sítio certo e da maneira e nas proporções corretas. o que é isto!!? quem inventou? quem dispôs as coisas de um modo tão perfeito? quem fez com que evoluíssemos assim? porque não termos uma cauda em vez deste tão particular osso chamado cóxis? e porque as mudanças do clima e da florestação nos fizeram passar a andar sobre duas patas e a tantos outros animais não? este mundo não é tão incrível? toda uma máquina, bem oleada, a funcionar para produzir sabe-se lá o quê.

esta máquina funciona para produzir funcionamento, se calhar é isso.

porque se falha a geosfera, falha a biosfera e todas as outras qualquercoisaesferas vão atrás. mas, pelo contrário, se funciona, apenas faz com quem tudo o resto funcione para fazê-la funcionar. ai... tanta coisa fantástica resumida numa só ideia. ou serão várias? será legítimo pensar que os medicamentos que tomo fazem este mundo melhor? se sou capaz de pensar nisto, porque não sou capaz de viver sem eles? de fazer o mundo funcionar sem eles? e não será esta página uma folha de pensamentos aleatórios? que é dessa embriaguez do sono que saem todas estas palavras, essa bebedeira do sono, esse estado mental, que te faz ter conversas com pessoas que apenas olhavas, que te faz soltar palavra a palavra tudo, TUDO, o que te vai no pensamento... essa cegueira das horas sem descanso que te faz VER em vez de OLHAR. provavelmente, tudo saiu daí. porque hoje, e como sempre, houve uma tempestade no meu copo de água. uma tempestade que nao é nada, comparando com a tempestade que pode existir num continente qualquer, num oceano longínquo. mas por enquanto, por aqui, é mais do que uma tragédia natural. é o fim dos sorrisos, é o olhar triste e cansado, é cada lágrima que corre, cada minutos sem dormir, cada aceleração da pequena máquina que também aqui dentro temos. o problema é esse. é que essas reais tragédias, verdadeiras razões para sofrer a sério, se dão sempre longe. continente asiático, catástrofes naturais. continente africano, mais do que natural, lamentavelmente, humano. mas aqui, com pais separados, discussões por nos sentirmos mal amados, situações de desconforto e indecisão, aqui é que nós sofremos. aqui é que se dá a verdadeira tempestade. pena é que não percebamos que é uma tempestade no nosso copo. e, às vezes, o nosso copo nem ao tamanho dos copos de "shot" chegam. às vezes, há uma tempestade na nossa gota, há um pensamento de acabar com a vida, quando no tanque de alguém, no grande aquário de alguém, já nem água para tempestade existe... bem, vou mas é dormir que isto é tudo sono.