Vagueios indiscretos não guardados em mim

sábado, 1 de maio de 2010

a minha infância foi rodeada por gente feliz. éramos crianças felizes, e não sabíamos o que nos esperava. agora todos temos a certeza do que tal mistério seria: vivermos todos juntos, diáriamente. desde cedo que me senti bem à vossa beira. sempre me senti confortável ao ver sempre as mesmas caras, ao sentir sempre o mesmo ritmo, sempre as mesmas vozes, sempre as mesmas reacções. era sempre o mesmo. tornou-se uma rotina. tornou-se a minha vida.
a minha noção de amigo, ficou, de certa forma, ligeiramente afectada. para mim, a verdadeira essência de amigo, era o estar sempre com ele. amigo, era aquele que passou a maior parte da vida connosco. que esteve connosco todos os dias. mesmo que passasse por nós, completamente indiferente. eu estava ali. ele também. era meu amigo. nem que não lhe falasse das coisas que me incomodavam. nem que não lhe falasse do que me agradava. era amigo, e acabou.

era ainda criança, e era assim que via as coisas.

nova etapa da minha vida. para além dos já habituais "amigos" apareceram outros. ficámos sempre todos juntos. fisicamente. mentalmente começávamos a dispersar. nessa altura nem tínhamos a noção de nada. apareceram novas pessoas, e a nossa cumplicidade afastou-as de início. não nos parecia bem. gente desconhecida. mas foi essa mesma cumplicidade que nos fez abrir caminho para os novos "amigos". criámos uma nova teia. capaz de expulsar todos os que nos enfrentavam. o pior, é que afastávamos também quem tinha boas intenções.
mais tarde, cada um começou a pensar pela sua cabeça. cada um tinha a sua opinião. apesar de todos juntos, criámos caminhos em diferentes direcções. foi assim que admitimos pessoas novas nas nossas vidas. foi assim que percebmos quem realmente éramos. e foi assim que percebemos quem , do nosso meio, era verdadeiramente amigo.
eu nao esqueci de onde vim, com quem estive, e com quem estou, de quem fui, ou de quem sou, mas muito mudou, desde o dia em que tudo começou.
basicamente, amigos mesmo eram aqueles que estavam ali desde sempre. e isso estava errado.
completamente errado.
com o tempo, abri os olhos, e com o tempo fiquei cada vez mais orgulhosa por poder dizer que reconheci verdadeiramente os meus AMIGOS!
uns mais, outros menos, mas todos sabemos, que, a qualquer dia, em qualquer hora, poderemos formar mais uma vez uma barreira, protegermo-nos uns aos outros, se caso for preciso.
apesar de todas as discussões alguma vez feitas. apesar de tudo o que sabemos. de todos os defeitos que conhecemos uns nos outros, nunca nos vamos esquecer de tudo o que já nos uniu. e que , felizmente, continua a unir!

eu não me arrependo dos doze, dos dez, oito ou dois anos que passei convosco!

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