Vagueios indiscretos não guardados em mim

domingo, 16 de outubro de 2011

E estava assim parado o homem, parado no tempo como quem nao se importa com o que o futuro para ali reserva, com olhar no infinito, uma das mãos no bolso e a outra levando o cigarro à boca. um cigarro obviamente oferecido, este homem nao tem dinheiro. Nao tem dinheiro nem pra cigarros, nem pra novas roupas, pra desfazer a barba ou sequer comer. Há uns dez minutos estava a pedir-me dinheiro. Se soubesse tinha lhe oferecido um cigarro dos meus, se saciava a espera por algo melhor, teria sido um bom gesto. Pergunto-me muitas vezes porque é que as pessoas tem o vicio de olhar para algo que nem existe, de (des)focar uma imagem e olhar para o que nao conseguem ver durante muito e muito tempo. Melhor que esse vicio, temos o facto de ele estar ali a espera de algo. Ou entao a espera de nada, sim, porque aquele homem parece tentar fazer acontecer muitas vezes. este podia bem ser um momento em que nada esperava, como que tirando uma pausa da espera do futuro que procura.
Nao sei o que é do meu, mas sei que já estive e já quis ficar assim demasiadas vezes, por isso agora vou a procura de outra coisa. Um presente.

Sem comentários:

Enviar um comentário