Vagueios indiscretos não guardados em mim

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

acordei, abri os olhos mas logo os fechei. o dia já tinha aberto há muito aqui onde o sol se levanta bem perto. os lençóis reflectiam bem a tinta branca das paredes. acho que é o bom dos quartos brancos. reflectem tudo o que há de bom na luz que é espalhada. reflectem o optimismo. e é muito do que preciso. ainda hoje me disseram de uma forma estranhamente amorosa que era dramática. talvez em parte pela maneira como escrevo. ou se calhar até é só porque preciso que isto se torne tudo menos real, que seja tudo pior, tal como nos filmes que vejo. tal como nas histórias que conto. dramática ou não, realmente preferia acordar sempre num quarto de lençóis e paredes brancas, com luz igualmente clara a bater-me na cara mal abrisse os olhos. como ter o meu dia salvo por uma espécie de folha branca em que pintava o que queria. como os problemas fossem os problemas de hoje, não os de ontem ou os de amanhã. como se o que fica do que se passou há tempos não tivesse que ficar guardado de certa forma aqui dentro, apesar de todas as lições que me vão ensinando todos os pequeninos erros e todas as suas enormes consequências.
continuando a minha estranha e feliz forma de acordar, senti que havia uma vontade enorme de sorrir. e melhor, de respirar. lembrei-me que já tinha acordado uma vez. oito horas da manhã e o telemóvel despertou. a nossa vontade de acordar cedo para aproveitar cada raio de sol havia sido enorme no dia anterior. já o cansaço das poucas horas dormidas devido à conversa contínua da noite anterior prendeu-nos a todas à cama e àqueles lençóis brancos que emanavam uma tamanha calma que absorvia o dramatismo todo. tinha dormido bem, relaxada. o dia manteve-se calmo, e depois de me falarem do dramatismo da minha escrita, inconscientemente ou menos inconscientemente, os problemas(sinhos) do dia anterior, à tarde pareceram muito pouco. tão pouco que parecia que me queria irritar violentamente (ou só irritar um bocadinho) e não conseguia. se calhar estava relaxada pelos tais lençóis calmos e claros e pelo sol radiante que se manteve ali o dia todo.

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